sexta-feira, 10 de abril de 2015

Atos 16:31 é uma Promessa?

 E eles disseram: Crê no Senhor Jesus Cristo e serás salvo, tu e a tua casa.- Atos 16:31

Este versículo é muito citado por muitos evangélicos que reivindicam a salvação para os seus familiares. Esta passagem é tomada como uma promessa de Deus para cada crente. É muito comum ouvir em algumas igrejas alguém dizer: "Eu tenho fé que Deus vai salvar a minha família, porque a sua Palavra diz: "Crê no Senhor Jesus e serás salvo, tu e a tua casa". No entanto, será que este versículo realmente é uma promessa de Deus para todos os crentes?

Para responder esta pergunta devemos analisar o contexto onde este texto está inserido. Como já diz o ditado: "Texto sem contexto é pretexto para heresia". 

Atos 16:31 é pronunciado em um contexto onde Paulo e Silas estavam presos, pouco depois de serem açoitados. Eles haviam sido colocados na prisão, e mesmo assim oravam e cantavam hinos a Deus, quando "de repente sobreveio um tão grande terremoto, que os alicerces do cárcere se moveram, e logo se abriram todas as portas, e foram soltas as prisões de todos" (16:26).

De acordo com a lei romana, se um guarda perdesse um prisioneiro, ele receberia a mesma punição que o governo tinha dado ao infrator, e até mesmo pena de morte. Então, o carcereiro entrou em estado de pânico, pensando que todos os presos tinham fugido, pegou a sua espada para se matar. Todavia, Paulo impediu o suicídio dele, explicando que todos os presos permaneciam na cadeia, ninguém tinha fugido. 

Depois deste episódio dramático, o carcereiro perguntou aos missionários: "Senhores, que é necessário que eu faça para me salvar?" (16:30).

Então, Paulo e Silas respondem com o nosso versículo: "Crê no Senhor Jesus, e serás salvo, tu e a tua casa". 

Em suma, uma vez entendido o contexto, esta não é uma promessa de Deus a respeito da salvação de nossos familiares.  Uma regra importante na interpretação bíblica é interpretar o histórico à luz dos livros didáticos. De um modo geral, os Evangelhos e o livro de Atos são narrativas históricas; enquanto as cartas de Paulo, Pedro, João, etc.., são textos didáticos. 

Sim, Paulo disse que o carcereiro e a sua família seriam salvos se acreditassem no evangelho. Mas isso foi o que Paulo disse ao carcereiro de Filipos. Uma promessa particular, em um determinado momento; e não uma promessa universal. Não há nas Escrituras indicação alguma  que a salvação é por tabela, e que a minha conversão resultará na conversão da minha família. O que nos é ensinado é que a salvação é individual (Rm 10:9).

Atos 16:31 não ensina que a salvação é dada automaticamente a minha família depois que eu sou salvo. Também não ensina que Deus prometeu salvar os membros da minha família. De acordo com toda a mensagem do Novo Testamento, os membros da família do carcereiro receberam a salvação e ouviram a mensagem do evangelho, crerem e foram batizados (16:33).

Conclusão


Para os membros da minha família serem salvos, eles devem ouvir a mensagem do evangelho, e o Espirito Santo deve iluminá-los dando nova vida espiritual. No entanto, pensar que Atos 16:31 é uma promessa de Deus para todos nós, é botar na boca de Deus o que Ele não disse. 

domingo, 22 de março de 2015

O que significa orar “Em nome de Jesus”



“E tudo quanto pedirdes em meu nome eu o farei, para que o Pai seja glorificado no Filho. Se pedirdes alguma coisa em meu nome, eu o farei.João 14:13-14

Esta é uma promessa gloriosa! TUDO que pedirmos em nome de Jesus, Ele fará. Esta é uma promessa verdadeira e confortadora. “

Mas o problema não é com a promessa, mas com a condição. O que significa orar “Em nome de Jesus”? Afirmo que significa mais do que pensamos. Orar “Em nome de Jesus” se tornou para nós cristãos algo simples e normal, basta no fim de cada oração dizer “Em nome de Jesus” e pronto. E se alguém não diz “Em nome de Jesus” no final da oração, ficamos chateados, achamos tal atitude uma irreverencia.  

Uma parte desta atitude é verdadeira, mas somente uma parte. A verdadeira oração cristã sempre tem “Em nome de Jesus”, isto não é o problema. A confusão está quando as pessoas não sabem o significa orar em nome de Jesus. Mas, antes de dizer o que é orar em nome de Jesus, quero considerar o que não é orar “Em nome de Jesus”.


 O que não significa

Orar em nome de Jesus significa mais do que simplesmente adicionar esta frase no final de suas orações. Leia todas as orações do Novo Testamento. Nenhuma termina com a frase “Em nome de Jesus”. No entanto, com certeza essas orações estavam sendo oferecidas de acordo com a promessa de nosso texto.

Para muitos, orar “Em nome de Jesus” é tipo um amuleto, ou uma espécie de “palavra chave espiritual”. Um “Abre-te Sésamo” ou “Abracadabra”. É só falar as palavrinhas mágicas e, pedido realizado.  Se você quiser um carro 0km é só orar “Em nome de Jesus” e você receberá. Fazem do nome de Jesus uma vareta mágica, e de Deus um gênio da lâmpada. Mas, uma oração desta forma é indevida e totalmente errada. Orar em nome de Jesus não é nada disso.


A importância dos nomes na Biblia

Antes de mostrar o que é orar “Em nome de Jesus”, precisamos entender este ponto. Seu nome pode ser Maria, João, André ou José, e não transmitir automaticamente uma mensagem particular sobre quem você é.. Mas isso é diferente nos tempos bíblicos.

Os nomes na Biblia muitas vezes representam o caráter, a origem ou a personalidade das pessoas. Jacó significa “trapaceiro, enganador”. Pedro significa “pedra”. E “Senhor Jesus Cristo”? Senhor significa Mestre, Jesus significa Salvador, e Cristo, o Ungido, enviado de Deus.  Perceba, só são alguns exemplos. Quando você chama o nome “Senhor Jesus Cristo”, você está declarando que ele é seu Mestre, Salvador, e o Ungido, enviado de Deus.

Os nomes na Biblia também significa autoridade. Quando um policial está em uma operação, ele diz “Abra a porta, aqui é a policia”. Por que ele diz isto? Porque eles fazem “em nome da lei”, reivindicando a autoridade do Governo.  Vemos esse principio na luta de Davi com o gigante Golias. Antes da batalha, Davi diz:

“Davi, porém, disse ao filisteu: Tu vens a mim com espada, e com lança, e com escudo; porém eu venho a ti em nome do Senhor dos Exércitos, o Deus dos exércitos de Israel, a quem tens afrontado.1 Samuel 17:45

Davi estava dizendo a Golias: “Eu não estou impressionado com as suas armas e com o seu tamanho, O Senhor Deus está do meu lado”. Ou seja, Davi invocou a autoridade de Deus, e matou o gigante. O nome representa autoridade.


Orar em nome de Jesus é orar com base em quem ele é, na sua autoridade, e reputação.

Imagine que você vá a um banco com um cheque de 5 milhões de reais em seu nome. Você pede ao gerente do banco este valor. A sua assinatura está no cheque. Mas o seu saldo é negativo, você não tem os 5 milhões na sua conta. O gerente do banco vai lhe dá o dinheiro? Claro que não! Agora, imagine que Silvio Santos lhe dÊ um cheque no valor de 5 milhões de reais. SE você for ao banco, conseguirá com certeza, sacar esta quantia. O saldo do Silvio e positivo; na verdade, a assinatura dele é o aval para retirar o dinheiro.

Orar em nome de Jesus é como assinar seu nome para as minhas orações. Você está dizendo a Deus: “Jesus me disse para fazer esta oração”. E você acha que o Pai vai negar? Não! O Pai não irá negar porque ele sempre honra o que o Filho quer. E qual será a sua oração? “Santificado seja o teu nome”, buscando a reputação do nome de Deus. Muitas das nossas orações são falsificações espirituais porque estamos assinando o nome de Jesus em orações que ele não aprova.

O que significa orar “Em nome de Jesus”

Em primeiro lugar, quando você orar em nome de Jesus, você está confessando a sua fé de que Jesus Cristo é o único caminho para Deus.

“Tendo, pois, irmãos, ousadia para entrar no santuário, pelo sangue de Jesus, Pelo novo e vivo caminho que ele nos consagrou, pelo véu, isto é, pela sua carne,Hebreus 10:19-20

É somente em virtude do que Jesus realizou por nós na cruz, é que podemos entrar na presença de Deus. O único que pode nos levar à presença de Deus é Jesus Cristo, o mediador entre Deus e os homens (1 Timoteo 2:5). Por sua morte, e por estamos unidos a Jesus pela fé, podemos entrar na presença de Deus. O véu foi rasgado, podemos entrar.  

Um modelo para oração poderia ser: “Pai Celestial, eu venho a ti em nome de Jesus Cristo, teu Filho e meu  salvador. Eu não tenho nenhum mérito, e reconheço que não posso estar na tua presença além dos méritos do meu Redentor. Somente o sangue do teu Filho é o motivo para a minha oração”.

Em segundo lugar, orar em nome de Jesus significa que você está reconhecendo que o nome dele é supremo.  Filipenses 2:9-11 é muito claro sobre este ponto:

“Por isso, também Deus o exaltou soberanamente, e lhe deu um nome que é sobre todo o nome; Para que ao nome de Jesus se dobre todo o joelho dos que estão nos céus, e na terra, e debaixo da terra, E toda a língua confesse que Jesus Cristo é o Senhor, para glória de Deus Pai. Filipenses 2:9-12

Em terceiro lugar, você está reconhecendo que em nenhum outro nome há poder para responder as suas orações.  Afinal de contas, se você pudesse responder as suas orações, por que se preocupar em orar? O ponto da oração é que dependemos exclusivamente de Deus.  Vamos a Deus “Em nome de Jesus” pois:

“E em nenhum outro há salvação, porque também debaixo do céu nenhum outro nome há, dado entre os homens, pelo qual devamos ser salvos.Atos 4:12

Em quarto lugar, você está submetendo a sua vontade à dEle.  Lembra? “Seja feita a tua vontade”. Deus não vai nos dar o que está de acordo com a sua vontade, o que honra o seu nome. A vontade de Deus deve prevalecer em nossas vidas.

Paulo orou para que Deus removesse o espinho da sua carne, e Deus disse: “Não Paulo, a minha graça te basta”. Qual foi a reação de PAULO? Determinou a cura? Profetizou a cura? Exigiu de Deus que ele fizesse algo? Não! Ele disse, em outras palavras: “Seja feita a tua vontade e não a minha”.

Em quinto lugar, você está pedindo a gloria de Deus.  Orar “Em nome de Jesus” é pedir que Deus seja glorificado. Jesus veio à Terra para trazer glória ao Pai. Quando os nossos pedidos glorificam a Deus, o Senhor nos responde. Deus não responde muitas das nossas orações, pois estão cheias de ambição e que busca a própria gloria.


Existem varias outras razões para o que significa orar “Em nome de Jesus”. Mas lembre-se: Isto não é um passe encantado. Orar em nome de Jesus é depender completamente da sua obra, do seu caráter, autoridade e reputação. 

quarta-feira, 18 de março de 2015

SOBRE O JEJUM



“Ora, os discípulos de João e os fariseus jejuavam; e foram e disseram-lhe: Por que jejuam os discípulos de João e os dos fariseus, e não jejuam os teus discípulos? E Jesus disse-lhes: Podem porventura os filhos das bodas jejuar enquanto está com eles o esposo? Enquanto têm consigo o esposo, não podem jejuar; Mas dias virão em que lhes será tirado o esposo, e então jejuarão naqueles dias. Ninguém deita remendo de pano novo em roupa velha; doutra sorte o mesmo remendo novo rompe o velho, e a rotura fica maior. E ninguém deita vinho novo em odres velhos; doutra sorte, o vinho novo rompe os odres e entorna-se o vinho, e os odres estragam-se; o vinho novo deve ser deitado em odres novos.Marcos 2:18-22
                                      
Nesta passagem, Cristo estava participando de um banquete na casa de seu novo discípulo Levi.
 Tem que se destacar que esta foi uma refeição festiva. Havia abundância de alimentos para todos, e bebidas em grande quantidade.
                              
 Marcos nos diz que os discípulos de João e os dos fariseus jejuavam. Em primeiro lugar, observe o contraste aqui. Jesus e seus discípulos estavam festejando, mas todas essas outras pessoas estavam jejuando. Enquanto uns jejuavam, Jesus comia e bebia. E não só ele, mas também os seus discípulos!

Em segundo lugar, temos de olhar um pouco mais sobre este fenômeno do jejum.
 Nos tempos bíblicos, o jejum era entendido como sendo simplesmente não comer ou beber por um determinado período de tempo. Por exemplo, em 2 Samuel 12, após o incidente com Bate-Seba, Davi jejuou e chorou pela a criança que ficou doente. Ele simplesmente não comeu e nem bebeu nada, mas depois que a criança morreu, em seguida,  ele comeu. Então, quando a Bíblia fala sobre o jejum, ela não está falando primariamente sobre a abstenção da TV, Coca Cola ou alguma outra coisa. É simplesmente não comer e beber.

No Antigo Testamento, o povo de Deus foi ordenado a jejuar, mas apenas em uma ocasião.
 Isso foi no décimo dia do sétimo mês - Yom Kippur, o Dia da Expiação. Lemos sobre isso em Levítico. Cada Yom Kippur, os israelitas deveriam estar prontos a negar-se - essa era outra forma de dizer que eles estavam em jejum. O dia da expiação era o dia em que os israelitas eram corporativamente purificados de seus pecados. O jejum era uma lembrança humilhante da gravidade do pecado. É claro, os reis poderiam convocar o povo a jejuar em ocasiões especiais, quando as situações exigiam. Mas o único jejum ordenado  foi no Yom Kippur, o Dia da Expiação.

Agora quando voltamos para Marcos 2, é óbvio que não é o Yom Kippur.
 Então porque é que os seguidores de João e os fariseus estavam em jejum? Durante o tempo entre o Antigo Testamento e o Novo Testamento, o que chamamos de período intertestamentário o caráter e a frequência do jejum começou a mudar. No Antigo Testamento, o jejum era apenas  um dia por ano ou conforme ordenado para tempos de crise. Ele estava ligado com a humildade que  mostrava um coração contrito. Mas no período intertestamentário, com o surgimento deste grupo religioso (fariseus), o jejum tornou-se algo que tinha de ser feito, pelo menos, duas vezes por semana. Se você quisesse ser um bom judeu, você tinha que jejuar às segundas e quintas-feiras. Além disso, este jejum tornou-se uma maneira de ganhar algo de Deus - foi considerado meritório. Quando jejuavam, não era apenas para ser um bom judeu, mas também para tentar ganhar o favor de Deus. Agora, é claro, nada disso foi ordenado ou ensinado nas Escrituras. Isso era algo que tinha se desenvolvido e adicionado além do que a Escritura ensina. Logo foi dado como certo que, se você fosse um judeu religioso sério, isso é o que você faria. É por isso que os discípulos de João e os dos fariseus estavam jejuando. Isto é o que eles fizeram, como “bons” judeus.

Esta expectativa foi o que levou a questão no versículo 18. Na passagem anterior, nos versículos 13-17, os fariseus não falaram diretamente com Jesus.
 Mas aqui, quem está fazendo a pergunta, fala diretamente com ele. Parece ser uma questão genuína, não o tipo de pergunta sarcástica velada que foi feita no versículo 16. Algumas pessoas estão genuinamente perplexas com o fato de que Jesus e seus discípulos parecerem não caber na imagem de bons judeus. Então, eles fazem essa pergunta sincera, " Por que jejuam os discípulos de João e os dos fariseus, e não jejuam os teus discípulos?”



O Senhor Jesus responde esta pergunta com três ilustrações.
 Vejamos cada uma delas, por sua vez. Nos versículos 19 e 20, ele usa a ilustração de uma festa de casamento. Quando ele faz isso, ele responde a sua própria pergunta. No original, ele está claramente fazendo  uma pergunta retórica - é óbvio que a pergunta espera uma resposta negativa. Algo como, "Não é possível, não é, os convidados do noivo jejuar enquanto está com eles?" Quando você está em uma festa de casamento ou em uma festa, seria completamente inadequado  alguém  estar em jejum. A festa é um momento de alegria - o jejum está ligado com tristeza e  luto. A festa é um momento para comer e beber, o jejum não tem lugar em uma festa! No mínimo, seria altamente incomum  alguém fazer isso, chega a ser indelicado. Enquanto o noivo está lá, os convidados vão comemorar.

Depois, no versículo 20, o Senhor Jesus diz que o tempo virá em que o noivo será tirado - que será um momento oportuno para o jejum.
 Nós vamos voltar a esse versículo em poucos minutos.

Vamos continuar com as outras duas ilustrações.
 No versículo 21, o Senhor usa a ilustração de um pedaço de pano. Ele diz que ninguém pega um pedaço de pano novo e usa-o para uma correção em um velho pedaço de roupa. Se você fizer isso você só vai de mal a pior. Você vê a questão: o que é apropriado? O que se encaixa?. Assim como pano novo é impróprio para remendar roupa velha, então o jejum é inadequado para uma festa de casamento.

No versículo 22, ele usa a ultima ilustração.
 Desta vez é uma imagem do vinho e os odres. Quando vinho fermenta, ele libera gases que exercem pressão sobre qualquer recipiente onde ele estiver. Odres eram sacos de couro usados ​​para armazenar vinho. Se você tomar um odre velho e colocar vinho novo nele, o vinho novo com seus gases irá expandir o odre velho e ele irá estourar. Em outras palavras, aqui também é uma questão do que é apropriado. Vinho novo exige odres novos, assim como pano novo exige roupas novas e uma festa de casamento exige festa.

Era apropriado que os discípulos de Jesus se deleitassem enquanto ele estivesse com eles.
 Isto é totalmente adequado e apropriado para este momento especial na história. Com ele na terra, os seus discípulos não podiam se entristecer. Sua presença é como a de um noivo em sua festa de casamento. Esta é a jubilosa festa da salvação prometida - como alguém poderia estar triste neste momento? Isso simplesmente não se encaixa!

Mas o Senhor Jesus diz que haverá um tempo que o jejum será adequado.
 Isso nos traz de volta ao versículo 20: " Mas dias virão em que lhes será tirado o esposo, e então jejuarão naqueles dias”  A questão para nós agora, é descobrir o que  desta vez  Cristo estava falando. O dia que os discípulos jejuariam é hoje ou ele tem outra coisa em mente?

Para responder a isso, temos que lembrar a natureza e o caráter do jejum.
 Uma pessoa não faz jejum, porque ele ou ela está cheia de alegria. No Antigo Testamento, o jejum está ligado com tristeza e luto, e, especialmente, o luto sobre algum pecado grave ou a morte de um ente querido. Tendo em conta o tipo de contexto para esta prática, não podemos deixar de pensar na morte do Senhor Jesus. Na verdade, a maioria dos comentaristas irá dizer-lhe que isto é definitivamente o que Jesus estava se referindo. O tempo de jejum viria quando ele morresse por nossos pecados, e quando ele estivesse na sepultura. E com certeza, quando lemos sobre os discípulos durante os três dias que ele esteve na sepultura, temos a sensação de que eles estavam muito tristes. Embora que não tenha dizendo nas Escrituras que eles estavam em jejum, era comum para os judeus espontaneamente jejuarem durante momentos de tristeza. Assim, esperamos que os discípulos do Senhor Jesus estivessem jejuando durante este tempo.

No entanto, como todos sabemos, ele não permaneceu na sepultura.
 No terceiro dia, ressuscitou dentre os mortos. Ele se juntou a seus discípulos mais uma vez e eles estavam contentes em vê-lo! Em João 21 diz que ele comeu com eles. Ele permaneceu com eles por 40 dias e ensinou-lhes. Em seguida, ele subiu ao céu. Mas a segunda partida não foi como a primeira. Ele deixou seus discípulos com promessas - a promessa do derramamento do Espírito Santo. Ele prometeu-lhes que ele estaria sempre com eles. Ele prometeu que voltaria. E é por isso que, depois de sua ascensão, Lucas nos diz que os apóstolos voltaram para Jerusalém com grande alegria e eles estavam no templo constantemente louvando a Deus. Aqui também, isso não era um momento para o jejum, mas um tempo de alegria e festa.

Os crentes reconheceram que, mesmo que ele estivesse presente com eles através do seu Espírito Santo, havia um sentido em que o noivo tinha sido tirado deles em sua ascensão.  Quando se trata da presença do noivo, há um "já ... mas ainda não." Isso é parte da razão pela qual, eventualmente, vemos a presença do jejum na igreja primitiva. Vamos colocar isso de uma maneira que fala para nós hoje. Hoje, temos a presença de Cristo através do Espírito Santo. Ele é o nosso Emanuel, Deus conosco. Vivemos depois do Pentecostes com todas as suas bênçãos. Não vamos desvalorizar isso. É uma coisa verdadeira e reconfortante saber e crer que Cristo está conosco. No entanto, também temos de reconhecer a realidade de que a festa do casamento do Cordeiro ainda não chegou. A realidade é que nossas vidas são um “passo a frente e um passo atrás”. Uma semana, estamos comemorando um aniversário e na outra semana estamos em um funeral. Um vai e vem. Um tempo de alegria e um tempo de choro. Um tempo de se alegrar e um tempo de jejuar. Essa é a natureza da época em que vivemos. Eu queria que fosse uma simples questão de dizer: hoje é o momento de regozijo, porque o noivo está com a gente. Mas essa não é a imagem completa. A realidade é que, hoje, para os cristãos, há também momentos adequados para o jejum. A realidade é que o noivo ainda não está conosco no sentido mais completo que ele prometeu em sua Palavra. Nós temos um desejo do seu retorno, e vivemos neste mundo quebrado e triste, neste vale de lágrimas. Então, hoje é o tempo de se alegrar, mas é também de jejuar.


A única coisa que precisa ficar claro é que não existe nenhum comando na Escritura para nós, como crentes do Novo Testamento para jejuar.
 Este texto não nos manda jejuar. Cristo não está dizendo que você deve jejuar. Isso é importante para que todos possam entender. Repito: a Bíblia não nos manda jejuar.

Na verdade, existem algumas pessoas que definitivamente não devem jejuar.
 Pense, por exemplo, quem é diabético de diferentes formas e em diferentes graus; jejum por qualquer período significativo de tempo pode ser fatal. Pense também naqueles que têm lutado com transtornos alimentares. O jejum pode mergulhá-lo de volta para padrões bulímicos ou anoréxicos de comer. Isso é algo que cada crente tem que considerar para si mesmo. Se o nosso jejum é descuidado, é proibido. Na verdade, o jejum pode ser até pecaminoso.

Mais uma vez, a Bíblia não ordena o jejum.
 Em nosso texto, o Senhor Jesus espera que a hora virá, quando seus seguidores jejuarão. Mas ele não os manda jejuar. O Senhor Jesus é discreto e cuidadoso nesta área e devemos segui-lo. Temos a liberdade de jejuar, e muitas vezes nós vamos fazer isto espontaneamente, mas não temos uma ordem. Desta forma, o jejum não é como a oração. A oração é claramente ordenada nas Escrituras. O Senhor Jesus ordenou  seus discípulos  orar. O jejum era uma expectativa, não uma ordem. Pelo que lemos aqui em Marcos, sabemos que o Senhor Jesus simplesmente sabia que seus seguidores fariam isso.

O jejum aqui tem a ver com o noivo.
 Aqui podemos pensar em Hebreus 12: 2, que fala de fixar nossos olhos em Jesus. Quando se trata de tempos de jejum,  fixamos os olhos completamente em Jesus. Isso significa que reconhecemos plenamente que o jejum não tem nada, absolutamente nada a ver com ganhar qualquer favor  de Deus através de méritos. O jejum não é categoricamente um caminho para a salvação. O jejum é simplesmente uma resposta. É algo que acontece na área da nossa santificação, onde Cristo nos leva a tristeza, a humildade e quebrantamento, sobre a presença de morte e destruição neste mundo, ou sobre a presença do pecado em nossas vidas. É algo que acontece onde Deus cria em nós um desejo mais profundo para a plenitude da nossa redenção na festa das bodas do Cordeiro. Com o jejum, somos levados a cada vez mais direcionar nossos pensamentos para o noivo e ansiar a sua vinda com as nuvens do céu.

O ensino de nosso Senhor Jesus em Mateus 6: 16-18, também precisa ser lembrado.
 Lá, ele disse ao povo de Deus que, quando eles jejuarem, Não é algo para ser anunciado - não é algo para ser dito em faixas e cartazes para que todos possam ver como você é piedoso. Não, o Senhor foi claro que o jejum, se for feito, deve ser feito em segredo.

Por fim,  precisamos lembrar que o JEJUM não é o evangelho.
  Somos ordenados a se arrepender e crer em Jesus Cristo -, encontramos a boa notícia nele. Então, o que este texto nos diz sobre aquele a quem somos chamados a acreditar? Bem, nós vimos que a Palavra de Deus nos lembra de que o noivo foi tirado de seus discípulos. Ele morreu para que pudéssemos viver.

Vimos também que o Senhor também lhe diz aqui que ele foi levado aos céus.
 Ele está no céu neste exato momento. Ele está intercedendo por você à destra do trono de Deus. Ele é o seu Mediador, que fala por você e defende você! Você está em segurança em seus cuidados eterno.

Nosso texto também nos ensina que ele está voltando.
 Ele vai voltar. O jejum não terá lugar qualquer no mundo vindouro. Todas as nossas esperanças, sonhos e expectativas serão cumpridos quando o noivo entrar no salão de banquetes para participar da grande festa com a sua noiva. Então, iremos festejar sempre. Que dia glorioso será!


quarta-feira, 25 de fevereiro de 2015

Como vencer o pecado da pornografia?




Não me delongarei grandemente no assunto proposto, pois muito já se tem dito sobre a pornografia, de modo que pretendo ser bastante direto.

Já disse certo autor que a diferença entre os "grandes cristãos" e os de nossos dias, é que aqueles tinham a consciência de que eram fracos, enquanto nós sustentamos a falsa ideia de que somos fortes. Ele estava certo.

A tentação às coisas pornográficas, sejam elas pelo computador ou andando pela rua e cobiçando as mulheres alheias (seja você casado ou não), quase sempre acontece nos momentos em que nós pensamos: "não vai acontecer nada" Sim, não minta para você mesmo. Nós homens (mas sem excluir as mulheres) sabemos que as inúmeras vezes em que caíamos neste pecado, há íntima relação com uma falta de confiança no Espírito Santo do Senhor, de maneira que quando nos apercebemos, já estamos envoltos ao pecado.

Sobre este "caminho a percorrer" até a consumação do pecado, bem delineou o salmista em seu Salmo 1. Assim lemos: "Bem-aventurado o homem que não anda segundo o conselho dos ímpios, nem se detém no caminho dos pecadores, nem se assenta na roda dos escarnecedores" (Sl 1.1).

Observemos como em primeiro lugar, existe o ouvir do conselho dos ímpios, isto é, aqui em nosso assunto, passamos a ouvir as conversas ímpias sobre prostituição, fornicação, pornografia, traição (no local de trabalho, faculdade, antigos colegas...) e isto acaba sendo, por vezes, colocado em nossas vidas como algo bom, desejável e glorioso - mesmo que saibamos não ser assim! Em segundo lugar, se damos ouvidos ao conselho dos ímpios, logo nos detemos nos seus caminhos e passamos a cogitar a possibilidade de praticar tal pecado, afinal, parece ser algo tão bom! Em terceiro lugar, se já seguimos os passos anteriores, então acabamos por nos assentarmos junto aos escarnecedor e cometemos os mesmos pecados que eles.

Voltando ao perigo de nos acharmos fortes, se visualiza, então, que o primeiro passo para se vencer o pecado da pornografia, é reconhecer que, sem Deus, nada podemos fazer, conforme o Filho já nos disse: "sem mim nada podeis fazer" (Jo 15.5). Mas este passo continua, de modo que devemos, igualmente, reconhecer que não venceremos esta tentação. Explico.

É comum os cristãos interpretarem a Escritura de maneira equivocada, como, por exemplo: "Sujeitai-vos, pois, a Deus, resisti ao diabo, e ele fugirá de vós" (Tg 4.7). Daí o crente deduz que, se ele resistir durante algum tempo às tentações, chegará o momento em que o Diabo não mais o tentará. Entretanto, em sintonia com o restante das Escrituras, aprendemos que as tentações são umas das fontes de Deus para nos fortalecer - "Bem-aventurado o homem que sofre a tentação; porque, quando for provado, receberá a coroa da vida, a qual o Senhor tem prometido aos que o amam" (Tg 1.12). 

Ademais, devemos lembrar que a Escritura registra o brado do apóstolo, nos mostrando que até mesmo os mais ilustres cristãos passaram por sequências de desastres espirituais: "Porque bem sabemos que a lei é espiritual; mas eu sou carnal, vendido sob o pecado. Porque o que faço não o aprovo; pois o que quero isso não faço, mas o que aborreço isso faço. E, se faço o que não quero, consinto com a lei, que é boa. De maneira que agora já não sou eu que faço isto, mas o pecado que habita em mim [...] Miserável homem que eu sou! quem me livrará do corpo desta morte? Dou graças a Deus por Jesus Cristo nosso Senhor. Assim que eu mesmo com o entendimento sirvo à lei de Deus, mas com a carne à lei do pecado" (Rm 7.14-17; 24-25). É evidente que o apóstolo não está afirmando que existem "crentes carnais", mas sim que naturalmente o homem é vendido ao pecado e que por isso, enquanto aguardamos ansiosamente a redenção desta vida (Rm 8.22-23), percebemos o quão necessitados somos de Cristo, de maneira que quando damos vazão à natureza pecaminosa, fazemos o que sabemos ser pecado e não realizamos o que temos a ciência de ser santo e agradável ao Senhor.

Portanto, um grande erro cristão é crer que ele pode viver sem determinadas tentações. Crente, por favor, ore ao Senhor e tenha a certeza de que, mesmo sendo você livre de certas ciladas do inimigo, sempre este investirá contra a vida dos Seus santos, "porque o diabo, vosso adversário, anda em derredor, bramando como leão, buscando a quem possa tragar" (1Pe 5.8). 

É preciso lembrar, outrossim, que se hoje você é jovem e é tentado com a pornografia, não espere que a idade faça você perder estes desejos, afinal, a natureza pecaminosa, ainda que "perca suas forças sexuais" com o passar do tempo, ela se manterá muito firme em sua mente, de maneira que não se deve ver o definhar do corpo físico como sinônimo de santidade ou livramento do pecado, pois a Escritura é certeira: "E viu o Senhor que a maldade do homem se multiplicara sobre a terra e que toda a imaginação dos pensamentos de seu coração era só má continuamente" (Gn 6.5 - grifado agora). Lembrando, também, do que nos diz Jesus: "A candeia do corpo é o olho. Sendo, pois, o teu olho simples, também todo o teu corpo será luminoso; mas, se for mau, também o teu corpo será tenebroso" (Lc 11.34).

Bem, mas como, então, podemos fazer para vencer esta terrível tentação e que a tantas vidas e famílias têm destruído? Você deseja uma resposta sincera ou uma paliativa, isto é, momentânea? Se deseja algo para este momento de crise, então a resposta é objetiva, bastando seguir alguns passos:

- pare de usar o computador; sim, possivelmente você pode - lembre de que é melhor entrar no Reino dos céus aleijado, do que ir com todo o corpo para o inferno (Mc 9.43)
- se você realmente não tem opção, então peça para alguém lhe supervisionar - é melhor confessar o pecado e ser sarado (Tg 5.16), do que viver na falsidade e pecado.
- sendo casado, converse com seu cônjuge e exponha sua dificuldade - você tem a obrigação de fazer isso (clique aqui para ler um texto importante neste sentido) e seu cônjuge é seu melhor amigo, de maneira que o poderá sustentar e ajudar.
- procure transitar por ruas onde a "poluição visual" seja menor.
- limite seus passatempos e amizades, a fim de poder ser fortalecido.

Todavia, se o seu desejo é realmente ser livre (sem excluir os conselhos acima), eu recomendaria uma única coisa: ore, meu irmão(ã). Não existe nenhuma receita para "nunca mais ter problema com a pornografia" e eu não ousaria lhe dar "10 passos" ou "20 coisas para fazer", como se isto fosse resolver este pecado. Entenda, porém, que a Escritura nos é firme em nos dizer que nós sempre lutaremos contra o pecado, afinal, "a carne cobiça contra o Espírito, e o Espírito contra a carne; e estes opõem-se um ao outro, para que não façais o que quereis" (Gl 5.17). Quer dizer, não espere nunca mais ter dificuldades com a pornografia.

Ademais, a Escritura nos dá uma série de exortações neste sentido de manter a oração e demonstra firmemente que, enquanto estivermos nesta terra, precisaremos buscar muito ao Senhor. Convém, porém, lembrar das santas palavras, sempre que você incorrer neste pecado: "Lembra-te, pois, de onde caíste, e arrepende-te, e pratica as primeiras obras" (Ap 2.5).

Em tempo, ainda, não raro a pornografia é a primeira porta para demais desgraças, conforme lemos: "Um abismo chama outro abismo" (Sl 42.7). Fuja da aparência do mal (1Ts 5.22)!

Para alentar os corações que constantemente caem neste pecado, é bem verdade que a Bíblia diz, "vai-te, e não peques mais" (Jo 8.11), mas também nos dá o conforto: "Os sacrifícios para Deus são o espírito quebrantado; a um coração quebrantado e contrito não desprezarás, ó Deus" (Sl 51.17).

Portanto, da próxima que pecar com a pornografia, vá até Cristo e n'Ele busque guarida, porque como nos diz o salmista, "Foi-me bom ter sido afligido, para que aprendesse os teus estatutos" (Sl 119.71) e também como Davi, o qual após numerar a Israel e reconhecer o seu pecado, firmemente expressou: "Então disse Davi a Gade: Estou em grande angústia; caia eu, pois, nas mãos do Senhor, porque são muitíssimas as suas misericórdias; mas que eu não caia nas mãos dos homens" (1Cr 21.13 - grifado agora). 

Melhor nos será ser castigado por Deus e sofrer certas disciplinas, "Porque o Senhor corrige o que ama, E açoita a qualquer que recebe por filho" (Hb 12.6), do que nos afastarmos d'Ele e ficarmos sem correção, afinal, "se estais sem disciplina, da qual todos são feitos participantes, sois então bastardos, e não filhos" (Hb 12.8)

Que Deus abençoe a todos os cansados e abatidos. Que Ele nos encha de um profundo senso de pecaminosidade, a fim de sempre buscarmos ao Seu Filho, o qual pela Igreja se entregou (Ef 5.25) e por ela tudo venceu. 

Deseja vencer este pecado da pornografia? Então obedeça a Escritura, poiis "Se confessarmos os nossos pecados, ele é fiel e justo para nos perdoar os pecados, e nos purificar de toda a injustiça" (1Jo 1.9).

FONTE: BLOG 2 TIMÓTEO 3.16 (Filipe Machado)-. 

terça-feira, 24 de fevereiro de 2015

O TESTE DA FÉ (TIAGO 1:1-4)

 "Tiago, servo de Deus e do Senhor Jesus Cristo, às doze tribos da Dispersão, saúde. Meus irmãos, tende por motivo de grande gozo o passardes por várias provações, sabendo que a aprovação da vossa fé produz a perseverança;  e a perseverança tenha a sua obra perfeita, para que sejais perfeitos e completos, não faltando em coisa alguma." Tiago 1:1-4

Quem foi Tiago? Existem vários homens no Novo Testamento com esse nome. Mas sabemos que este Tiago não era o apóstolo, irmão de João, porque ele foi martirizado em 44 dC. A grande maioria dos estudiosos concordam que o autor  desta carta foi o meio-irmão de Jesus (Mt 13:55). A princípio, ele não acreditava em Jesus como Senhor, até Jesus aparecer para ele depois da ressurreição (Veja João 7:5; 1 Cor 15:7). Ele se tornou líder da igreja em Jerusalém nos anos após o dia de Pentecostes (Gl 2:9; At 15:13-29; 21:17-25). Ele ficou conhecido como "Tiago, o justo" por causa da sua conhecida santidade.

Tiago poderia abrir esta carta dizendo: " Tiago, o filho da virgem Maria, irmão de ninguém menos que Jesus Cristo. Eu cresci com ele! Eu o conhecia muito antes que ficasse famoso". Mas, Tiago (1:1) e seu irmão Judas (Jd 1), ambos abriram suas cartas chamando-se de servos! Servo significa "escravo". Eles eram escravos de Cristo, viviam para fazer a vontade dos seus donos. Ao mencionar Deus e Jesus Cristo, Tiago afirma a divindade de Jesus, colocando-o em pé de igualdade com Deus.

Tiago escreveu esta carta para "às doze tribos da Dispersão". Isso identifica seus principais leitores como judeus que viviam foram de Israel. Eles são seguidores de Cristo, apesar de adorarem em sinagogas (2:2- é literalmente "sinagoga"). É provável que Tiago foi o primeiro livro do Novo Testamento escrito, talvez por volta do ano 47 (antes do concílio de Jerusalém em 49).  Alguns dos leitores provavelmente tinham sido membros da igreja em Jerusalém, mas eles se dispersaram para muitos locais por causa da perseguição que surgiu após a morte de Estevão (Atos 8:1; 11:19-20).  Estes irmãos estavam passando por grandes dificuldades. Alguns estavam caindo em uma religião superficial que professava as crenças ortodoxas, mas tinham um viver ímpio. Então, Tiago escreve para mostrar que a verdadeira fé evidencia-se pelas obras. E Tiago dá alguns testes, para que seus leitores possam se certificar se estão na fé. O primeiro teste que desejo compartilhar com vocês é:

Como você enxerga e enfrenta o sofrimento?

Tiago diz: " Meus irmãos, tende por motivo de grande gozo o passardes por várias provações"-. Como pode Tiago dizer isto? Os crentes estavam sofrendo, perderam suas casas e terra natal, além de muitos de seus bens, e estavam sendo perseguidos, e Tiago ainda tem coragem de dizer: "Se alegrem". Antes de chamar Tiago de masoquista, devemos lembrar que outros dois escritores do Novo Testamento disseram algo semelhante. Pedro escrevendo sobre o sofrimento, onde a fé dos crentes estava sendo provada pelo fogo, disse:

 1 Pedro 4: 13 "mas regozijai-vos por serdes participantes das aflições de Cristo; para que também na revelação da sua glória vos regozijeis e exulteis."

O apóstolo Paulo também escreveu: "E não somente isso, mas também gloriemo-nos nas tribulações; sabendo que a tribulação produz a perseverança," Romanos 5:3. Ele também escreveu Filipenses da prisão, e o tema da carta é a Alegria em Cristo. Ele deu esse comando impressionante e impraticável por nós: "Alegrai-vos no Senhor, outra vez digo, Alegrai-vos" (Fp 4:4; veja também 1 Tess 5:16). Não só isso, mas Paulo praticava o que pregava,  em Filipos, depois de ter sido espancado e preso, cantava louvores ao Senhor (At 16:25). Por isso, se nós dissermos que Tiago era masoquista, Pedro, Paulo, e Jesus também eram. A única alternativa é entender o que realmente Tiago estava querendo dizer em "Ter grande gozo" no passar por várias provações. Considere três coisas:

1- As provações são inevitáveis

Tiago não diz, "se vocês passarem várias provações", mas "quando". Não é uma escolha. É um curso obrigatório na escola da fé.  Como Pedro escreveu (1 Ped 4:12): "Amados, não estranheis a ardente provação que vem sobre vós para vos experimentar, como se coisa estranha vos acontecesse;". Muitos cristãos ingenuamente pensam que se obedecerem ao Senhor, serão poupados de quaisquer sofrimentos. Quando o sofrimento os atinge, eles ficam com raiva de Deus "Eu estava seguindo você. Por que aconteceu isso?". Mas a Bíblia dá um abundante testemunho  que todos os servos de Deus passaram por provações. E essas provas não são necessariamente, consequência de pecado. Em vez disso, são meios que Deus usa para provar a nossa fé. Estes testes são "vários", de acordo com o propósito soberano de Deus. Não podemos entender o porquê Deus envia provações para nós, mas sabemos que Ele é bom, e tem um propósito em todas as coisas, e neste caso, testar a nossa fé.

No entanto, não nos alegramos por causa do sofrimento. Ninguém gosta de sofrer. Alegramo-nos apesar do sofrimento. Ter grande gozo não significa que não devemos chorar e ficar tristes. Jesus não condenou Marta por chorar a morte de seu irmão Lázaro. Ao contrario, Ele chorou também (João 11:33-35). Quando o Salvador enfrentou a cruz, Ele o fez com " grande clamor e lágrimas" (Heb 5:7). Paulo nos instrui: "alegrai-vos com os que se alegram; chorai com os que choram;" (Romanos 12:15). Hebreus 12:11 reconhece: "Na verdade, nenhuma correção parece no momento ser motivo de gozo, porém de tristeza..." Então, Tiago não está dizendo: "Coloque um sorriso no rosto e negue que você está sofrendo".

Ficamos tristes não como aqueles que não têm esperança (1 Ts 4:13). Nossa resposta diante das provações deve nos distinguir do mundo. Em meio à dor e lagrimas, deve haver uma confiança serena no Deus que está no controle de todas as coisas. Isto é o que significa “ter grande gozo” em passar varias provações. Ele fará com que “Todas as coisas cooperam para o bem daqueles que amam a Deus, daqueles que são caso segundo o seu proposito” (Rm 8:28). “O choro pode durar à noite, mas a alegria vem pela manhã” (Sl 30:5). “Os que semeiam em lagrimas, segarão com alegria. Aquele que leva a preciosa semente, andando e chorando, voltará, sem dúvida, com alegria, trazendo consigo os seus molhos” (Sl 126:5-6). A Alegria bíblica  não é masoquismo, é a esperança em Deus e nas suas promessas.

A escolha é: “Será que eu confio em Deus e nas suas promessas?” Como Tiago diz, a nossa fé é testada por meio das provações. Como nos portamos diante do sofrimento? Não sabemos se a nossa fé é verdadeira até que ele seja provada. Você pode comprar uma jaqueta à prova d’água. Mas enquanto ela não molhar, você não irá saber se ela realmente é à prova d’água. É fácil dizer: “Eu confio em Deus”! Qualquer um pode dizer isso. Mas, o teste de sua fé realmente acontece quando você está sob provações, na fornalha da aflição. A atitude que devemos ter diante das provações é ter “grande gozo” porque Jesus é a nossa alegria, e as tribulações são leves e momentâneas. E também, confiança em Deus e nas suas promessas.

2- A prova da sua fé produz perseverança

Há dois aspectos nesta verdade reconfortante:

A)   DEUS É SOBERANO SOBRE TODAS AS PROVAÇÕES

        Tiago diz: “Sabendo que a prova da vossa fé produz perseverança” (1:3). 

O versículo implica que Deus está usando as provações para o seu propósito. Ele não está sentado no céu dizendo: “Eu não quero que isso aconteça, mas agora que aconteceu, vamos ver como podemos tirar o melhor de uma situação tão ruim”. A Bíblia é clara que Deus é soberano sobre TUDO. Desde a chuva que cai (Jó 37:6-13), eventos aparentemente aleatórios (Pv 16:33), sobre as nações (Sl 22:28; At 14:16; 17:26). Ele ordenou todos os dias de nossas vidas antes de nascermos (Sl 139:16), Ordena os nossos passos (Sl 37:23; Pv 169; 20:24). Deus é soberano sobre os defeitos de nascimentos (Ex 4:11), sobre as catástrofes naturais (Gn 6:17; Jn 1:4), e até mesmo sobre as coisas ruis que as pessoas fazem, embora ELE não peque (Gn 50:20; Ex 4:21; 1 Rs 22:23; Is 10:5; Atos 4:27-28). DEUS É SOBERANO ABSOLUTAMENTE SOBRE TUDO. Isso significa que, nada acontece por acaso. As provações vêm das mãos do gracioso Deus com o fim de aperfeiçoar a nossa fé.

B)   DEUS ESTÁ USANDO AS PROVAÇÕES PARA PRODUZIR PERSEVERANÇA EM NÓS

    O teste é como é a refinação do ouro: quanto mais provado pelo fogo, mais valioso se torna. Deus muitas vezes nos coloca na fornalha da aflição, e não sabemos o porquê, e até questionamos Ele. Mas, devemos confiar, porque Ele sabe o que está fazendo. Ele esta testando a nossa fé, tirando as impurezas, e nos fazendo mais e mais semelhantes a Seu Filho Jesus.  E quanto mais somos testados, ficamos mais resistentes para aguentar outras provas. Se reprovamos, vamos para recuperação até aprender.  Suporte as provações pela fé, com alegria, que traz gloria ao nosso Senhor e Salvador.

3- Devemos nos submeter ao processo de Deus

Ser submisso a Deus no meio das provações não significa, necessariamente, suportar toda dor sem orar por alivio. Paulo orou para que Deus removesse o “espinho na carne”, ele só parou de orar quando Deus lhe disse: “A minha graça te basta” (2 Coríntios 12:8-9). Ser submisso a Deus não significa necessariamente, que não devemos tomar medidas para resolver o problema. Se a provação é falta de emprego, na dependência de Deus deve-se procurar outo emprego. Se a provação é uma doença, o certo não é só orar, mas procurar ajuda médica. Se uma circunstância é difícil, não é necessariamente errado tentar mudar a situação.

Submissão para com Deus, é não desafiá-lo, é não dizer que ele não tem o direito de fazer isso com a gente. Se submeter a Deus, é confiar na sua providência, é saber que Ele é bom. Um dos melhores exemplos de submissão é o de Jó. Ele disse: “O Senhor me deu e o Senhor tomou. Bendita seja o nome do Senhor (Jó 1:21) Isto, naturalmente leva-nos a uma conclusão (verso 4:

A)    MATURIDADE É UM PROCESSO, NÃO É INSTANTÂNEO

Tiago diz: “a paciência a sua obra perfeita, para que sejais perfeitos e completos, sem faltar em coisa alguma.”-(VERSO 4)- A palavra “perfeito” não implica que você chega a um ponto na sua vida que não precisa de mais progresso.  O crescimento é diário. Antes, significa que os frutos do Espirito (Gl 5:22-23) serão mais e mais evidentes na sua vida.

       Até mesmo Jesus começou neste mundo como um bebê. Ninguém passa de um bebê para um adulto em um dia, ou até mesmo em alguns anos. É preciso tempo para crescer e se desenvolver. Você não leva para casa um bebê que acabou de nascer e diz: "A geladeira está ali, o banheiro é no corredor". Você não espera um bebê fazer coisas que só os adultos fazem. O crescimento espiritual é um processo, não é instantâneo. 

Você não pode perceber a mudança que teve na sua vida, mas você deve ser capaz de olhar para trás e ver que você ama a Cristo mais agora do que há cinco anos atrás. Agora você sente a enormidade do seu pecado. Agora você obedece mais a Palavra de Deus. Agora você quer conhecer mais a Deus do que antes. Perceba que o crescimento é gradual, envolve tempo. 

O fato de o crescimento ser gradual, vai contra a ideia da "santificação instantânea" que não passa de uma ilusão. Esta santificação instantânea é promovida muitas vezes com o "ser batizado com o Espírito" ou "falar em línguas" e você terá instantaneamente vitória sobre o pecado.  Mas o caminho de Deus para piedade, é através da disciplina, não através de milagres (1 Timóteo 4:7). Eu não estou dizendo que Deus nunca nos dá experiências espirituais, jamais! Estes momentos são maravilhosos quando Deus dá. Todavia, isto não é regra; é exceção.  O que eu estou dizendo é que tais experiências não fazem você amadurecer instantaneamente. 


Conclusão


Temos que ter a consciência que Deus tem um proposito em todas as coisas, e que a nossa fé é testada pelas provações. Entretanto, podemos e devemos ter alegria mesmo em meio aos problemas, pois Deus está trabalhando em nós diariamente. Que você seja aprovado neste teste. Como você responde ao sofrimento? O Senhor é Bom, e irá completar a boa obra que começou em nós. Oro a Ele que nos ajude a compreender a sua vontade. E que esta série seja para a edificação da igreja de Deus. Amém