O
cristão é que alguém que busca, pela graça e misericórdia de Deus, fazer
somente o que está determinado na Escritura. Este princípio é firmemente
estabelecido em Dt 12.32: "Tudo
o que eu te ordeno, observarás para fazer; nada lhe acrescentarás nem
diminuirás". Isto significa dizer que
todas as coisas não ordenadas, são proibidas. Para ilustrar, a
Bíblia nos diz que "a fé é pelo ouvir, e o ouvir pela palavra
de Deus" (Rm 10.17) e que este ouvir
vem somente mediante a pregação, afinal, "Como,
pois, invocarão aquele em quem não creram? e como crerão naquele de quem não
ouviram? e como ouvirão, se não há quem pregue?"
(Rm 10.14). Assim, significa dizer que para levar o evangelho, é preciso
somente pregar a Palavra, sendo um grave pecado a substituir por algum filme,
acrescentar ("nada lhe acrescentarás") ou diminuir ("nem diminuirás") a pregação, a trocando por
algum teatro ou fazendo alguma dança no palco antes ou após a pregação (leia aqui sobre este tema). A ordem é
pregar e tudo que for menos ou mais que isso é pecado.
Existem
quatro formas de aprendermos lendo a Bíblia: A primeira é
mediante uma ordem de Deus para se fazer alguma coisa, como no quarto
mandamento: "Lembra-te do dia do sábado, para o
santificar" (Êx 20.8). A segunda é
quando o Senhor determina algo que não deve ser feito, como no primeiro
mandamento: "Não terás outros deuses diante de mim" (Êx 20.3). A terceira é
quando lemos um exemplo positivo e que é louvado, de maneira a aprendermos que
as atitudes tomadas foram boas, ainda que não houvesse um mandamento literal
para se fazer aquilo: "Enviamos,
portanto, Judas e Silas, os quais por palavra vos anunciarão também as mesmas
coisas. Na verdade pareceu bem ao Espírito Santo e a nós, não vos impor mais
encargo algum, senão estas coisas necessárias"
(At 15.27-28). Aquarta é quando existe um exemplo negativo na
Escritura e dele aprendemos a não repetir o erro: "Haveria coisa alguma difícil ao SENHOR? Ao tempo determinado tornarei a
ti por este tempo da vida, e Sara terá um filho. E Sara negou, dizendo: Não me
ri; porquanto temeu. E ele disse: Não digas isso, porque te riste" (Gn 18.14-15).
Todas
estas quatro maneiras que o Senhor usa para nos ensinar, invariavelmente
estarão em conformidade com os dez mandamentos, pois uma vez que estes são a
expressão moral de Deus, isto é, revelam quem é Deus e o que requer, toda a
Escritura deve ser interpretada de maneira a não haver contradições entre a
Palavra de Deus, afinal, contradições são duas verdades opostas e isto
significa que alguma destas verdades é falsa, o que seria dizer que Deus mente,
contrariando o versículo afirmativo que "Deus
não é homem, para que minta"
(Nm 23.19).
Mas
o que tudo isso tem a ver com ser ou não pecado realizar atos sexuais? A
resposta é que a Bíblia tem a resposta. Isto mesmo: a Bíblia, por ser a Palavra
de Deus e possuir em sua estrutura diversas formas de nos ensinar, não nos
deixa órfãos do conhecimento. Ainda mais: a Escritura não prescreve um padrão
relativo com relação a este tema, e sim nos dá um firme, justo e pleno dizer
sobre como devemos proceder.
Para
entendermos corretamente, precisamos analisar dois pontos: a Lei de Deus e como
Ele se revela aos homens.
1.
A Lei de Deus
O
apóstolo assim escreveu aos irmãos em Roma: "a lei é santa, e o mandamento santo, justo e bom" (Rm 7.12). Todo o Salmo 119, por exemplo,
fala exaustivamente sobre a Lei de Deus, a ponto de lermos a expressão do
salmista: "Oh! quanto amo a tua lei! É a minha
meditação em todo o dia [...] Odeio os pensamentos vãos, mas amo a tua lei [...] Abomino
e odeio a mentira; mas amo a tua lei (Sl
119.97, 113, 163). Tamanha é a necessidade de compreendermos a Lei do Senhor
que nos diz o apóstolo João: "Todo
aquele que pratica o pecado transgride a Lei; de fato, o pecado é a
transgressão da Lei" (1Jo 3.4 - NVI).
Os
teólogos dividem a Lei de Deus em cerimonial (leis de purificação, aspersão de
sangue, sacerdócios...), civil (leis sobre o patrimônio público, acerca da
propriedade privada, assaltos, mortes inevitáveis...) e moral (os dez
mandamentos). Todavia, convém lembrar que esta é uma divisão de cunho
pedagógico, pois quando lemos a narrativa de Moisés no monte Sinai, não
encontramos o Senhor dividindo Sua Lei - Ele a deu por inteiro, significando
que a Lei é una, não havendo razão para se dizer que determinada lei não é mais
válida simplesmente porque era cerimonial, por exemplo. Evidente que as leis
cerimoniais foram completadas em Cristo Jesus, mas ainda permanece a ordenança
para os cristãos oferecem incenso, porque o incenso não é mais físico, e sim
espiritual, como diz o salmista: "Suba
a minha oração perante a tua face como incenso, e as minhas mãos levantadas sejam
como o sacrifício da tarde"
(Sl 141.2); também em Apocalipse: "E
da mão do anjo subiu diante de Deus a fumaça do incenso juntamente com as
orações dos santos" (Ap 8.4).
Portanto,
a Lei de Deus é necessária para nossas vidas, a fim de sermos firmemente
guiados por Sua palavra e vontade.
2.
Como Ele se revela aos homens
Tendo
uma vez Deus fornecido Sua Lei para os homens, é necessário entender que a Lei
de Deus não está somente em livros como Êxodo, Levítico, Números e
Deuteronômio. A Lei de Deus é Sua própria Bíblia. Paulo expressa esse
entendimento ao amado Timóteo: "Toda
a Escritura é divinamente inspirada, e proveitosa para ensinar, para redarguir,
para corrigir, para instruir em justiça; Para que o homem de Deus seja
perfeito, e perfeitamente instruído para toda a boa obra" (2Tm 3.16-17). Não temos "partes
melhores" na Escritura ou "partes inferiores", pois "Toda a Escritura é inspirada por Deus".
Sendo
isto verdade, significa dizer que nos primórdios da criação a Lei de Deus já
era vigente, pois não a temos registrada sem motivo. Olhemos o que disse Deus
para Adão e Eva: "E
criou Deus o homem à sua imagem: à imagem de Deus o criou; homem e mulher os
criou. E Deus os abençoou, e Deus lhes disse: Frutificai e
multiplicai-vos, e enchei a terra, e sujeitai-a; e dominai sobre os peixes
do mar e sobre as aves dos céus, e sobre todo o animal que se move sobre a
terra" (Gn 1.27-28 - grifo meu). Três
coisas nos são ensinadas nestes versículos: homem e mulheres foram abençoados
pelo Senhor, de maneira que não haveriam de ser alvos da ira de Deus, e sim de
Sua graça; o primeiro casal deveria se multiplicar e para isso foi dotado de
capacidade mediante e bênção de Deus; eles deveriam exercer domínio sobre toda
a criação de Deus. Foquemo-nos no segundo elemento.
Frutificar
e multiplicar não são facultativos ao casamento - é uma ordem bíblica. Noutro
lugar já escrevi mais detidamente sobre isso (clique aqui), de modo que se compreende ser uma
negação da Palavra o evitar ter filhos. Sim, amado leitor, isto pode soar muito
forte a você e aqui deixo registrada minha compaixão, porque também a mim soou
demasiadamente severo quando da primeira vez que conheci esta doutrina;
entretanto, fixemos nossas mentes no ideal cristão: "Mais importa obedecer a Deus do que aos homens" (At 5.29).
Tendo
o Senhor ordenado a multiplicação, isso não significa que o casamento deve ser
isento de prazer. O prazer do casamento não está somente no ato sexual, e sim
que este é prazeroso na medida em que é feito segundo a ordem bíblica (leia o
link acima, para melhor entendimento). Isto se traduz em dizer que o prazer do
sexo deve estar na conformidade como Deus ordenou que ele acontecesse, e não
segundo os ditames do mundo ou de nossa vontade.
Notamos
o fato de Deus ter revelado sua vontade aos primeiros pais para que se
multiplicassem. Porém, para que não sobejasse dúvidas se estamos obrigados à
mesma ordenança (embora isso seja evidente, visto que nunca foi revogada em
parte alguma da Escritura), o apóstolo Paulo registrou, quando na ocasião
falava sobre aqueles que nunca haviam escutado do evangelho: "Porque as suas coisas invisíveis, desde a criação do mundo, tanto o seu eterno
poder, como a sua divindade, se entendem, e claramente se vêem pelas
coisas que estão criadas, para que eles fiquem inescusáveis" (Rm 1.20 - grifo meu).
É
certo que Paulo está a falar com respeito à inescusabilidade que o homem tem
diante de Deus, pois mesmo que não tenha ouvido falar do evangelho, o apóstolo,
inspirado, afirma que "pelas
coisas que estão criadas" é manifestado o poder de Deus
e até mesmo Sua divindade. Mas este versículo não deixa, outrossim, de afirmar
que as coisas criadas revelam a ordem do Senhor e de como elas deveriam ser,
isto é, a Lei de Deus, firmemente registrada nas Escrituras, é também visível
na criação. A criação dos luminares, dos mares, das plantas, dos animais e dos
homens revela o que o Artífice ordenou. Isto implica na afirmativa, por
exemplo, de que existe uma razão divina e também biológica (Deus é o melhor
biólogo, o melhor médico, o melhor matemático...) para termos as cavidades
nasais voltadas para baixo - já imaginou como seria andar em dia de chuva se as
cavidades fossem viradas para cima?
Desta
forma, sendo as coisas criadas, reflexo exato (antes da queda, mas persistindo
após a mesma, ainda que manchada pelo pecado) do que o Senhor intentou,
entendemos que é preciso a compreensão do que ou qual parte do corpo humano foi
criado para ter relações sexuais.
Este
excelente vídeo nos mostra, baseado no
conhecimento médico, que o canal anal não possui nenhuma característica para a
prática sexual. Pelo contrário, a fisiologia torna evidente o fato de que o
único lugar do corpo da mulher (não é necessário afirmar que o homossexualismo
é um pecado, porque isto é clarividente) propício a ter relação sexual com o
homem (seu marido, somente) é o canal vaginal e este pelo orifício genital. Mas
o que isto significa? Significa que o poder criativo de Deus é visto "pelas coisas que estão criadas"
e isso se desdobra em dizer que Deus projetou o corpo do homem e da mulher para
terem relações sexuais de maneira instituídas por Ele mesmo e tal fato é
plenamente visível na criação.
Paulo
evidenciou isto ao dizer: "E,
semelhantemente, também os homens, deixando o uso natural da mulher,
se inflamaram em sua sensualidade uns para com os outros, homens com homens,
cometendo torpeza e recebendo em si mesmos a recompensa que convinha ao seu
erro" (Rm 1.27 - grifo meu). O
apóstolo fala que muitos homens, devido ao pecado e porque não reconhecem Deus
como Senhor, se inflamam em paixões homossexuais, "homens com homens, cometendo torpeza"
e com isso recebem "em si mesmos a recompensa que convinha ao
seu erro". A expressão "uso
natural" denota, por certo, que a criação revela ser o único meio adequado
de relacionamento, a união entre homem e mulher, corroborando, assim, com o que
temos afirmado, de que o padrão bíblico é aquele determinado pela Escritura.
Além: este versículo deixa evidente que a prática de sexo anal, por não ser
parte da criação natural (o canal anal destina-se à eliminação das fezes - isso
responde todas as perguntas), é uma torpeza e fruto do pecado, que leva ao
homossexualismo. Não obstante, o sexo anal viola a ordem de se gerar filhos, já
estabelecida na criação.
Portanto,
podemos pela graça de Deus, seguramente concluir que, conquanto o sexo anal não
seja expressa e literalmente proibido, a criação de Deus supre toda dúvida e
demonstra o caminho correto para a prática sexual, sendo grave violação do
corpo da mulher o realizar tal prática, a uma porque é um descaminho da criação
divina e a duas devido ao caráter maléfico de tal prática.
Convém
sempre lembrar, igualmente, que não estamos a conjecturar se os cônjuges
consentem ou não com essa prática. A questão não é se o homem a aprova, e sim
se está no padrão da criação de Deus - e isso nós vemos claramente que não
está.
Que
Deus nos abençoe.
Filipe Machado (2Timoteo)
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