O número de divórcios continua a
crescer no Brasil, como em todo mundo. E infelizmente, no meio do povo de Deus,
o divórcio infiltrou-se até nos lares de líderes cristãos. Alguém comentou que
os casais "se casam para o que der e vier, mas nunca para sempre". Então,
com este breve artigo, vamos examinar o que Jesus ensina sobre esse assunto. A passagem base é Mateus 19:1-9 que diz:
“E aconteceu que, concluindo Jesus estes
discursos, saiu da Galiléia, e dirigiu- se aos confins da Judéia, além do
Jordão; E seguiram-no grandes multidões, e curou-as ali.
Então chegaram ao pé dele os fariseus,
tentando-o, e dizendo-lhe: É lícito ao homem repudiar sua mulher por qualquer
motivo? Ele, porém, respondendo,
disse-lhes: Não tendes lido que aquele que os fez no princípio macho e fêmea os
fez, E disse: Portanto, deixará o
homem pai e mãe, e se unirá a sua mulher, e serão dois numa só carne?
Assim não são mais dois, mas uma só carne.
Portanto, o que Deus ajuntou não o separe o homem. Disseram-lhe eles: Então, por que mandou Moisés dar-lhe
carta de divórcio, e repudiá-la? Disse-lhes
ele: Moisés, por causa da dureza dos vossos corações, vos permitiu repudiar
vossas mulheres; mas ao princípio não foi assim. Eu vos digo, porém, que qualquer que repudiar sua
mulher, não sendo por causa de fornicação, e casar com outra, comete adultério;
e o que casar com a repudiada também comete adultério.” Mateus 19:1-9
Os líderes religiosos já haviam
tentado, sem sucesso, pegar Jesus com suas armadilhas, usando perguntas sobre o
sábado e sobre sinais. E dessa vez com o tema extremamente polêmico do
divórcio. Sendo interrogado pelos fariseus, em vez de voltar a Deuteronômio,
Jesus voltou a Gênesis. Aquilo que Deus fez quando instituiu o primeiro
casamento.
A LEI ORIGINAL DA CRIAÇÃO
(MT 19:3-6)
Os motivos para o casamento: A única coisa que não
foi considerada "boa" na criação Foi o fato de o homem estar sozinho (Gn
2:18). A mulher foi criada para suprir essa necessidade. Adão não poderia ter
comunhão com os animais. Precisava de uma companheira que fosse sua igual e com
a qual pudesse experimentar a plenitude.
O casamento permite a perpetuação da raça
humana. "Sede fecundos, multiplicai-vos" (Gn 1:28) foi o mandamento
de Deus ao primeiro casal. Desde o começo, Deus ordenou que o sexo fosse
praticado dentro da relação comprometida do casamento. Fora do casamento, o
sexo torna-se uma força destrutiva, mas dentro do compromisso amoroso do
matrimônio, pode ser criativo e construtivo. O casamento é uma das formas de
evitar pecados sexuais (1
Cor 7:1-6). É evidente que um
homem não deve se casar apenas para legalizar sua concupiscência! Aquele que se
entrega aos desejos lascivos antes do casamento, certamente, continuará a fazer
o mesmo depois. Esse tipo de pessoa não deve ter a ilusão de que o casamento resolverá
todos os seus problemas pessoais com a lascívia. No entanto, o casamento é a
forma que Deus criou para o homem e a mulher desfrutarem, em conjunto, os
prazeres físicos do sexo. Paulo usa o casamento como ilustração da relação íntima
entre Cristo e a Igreja (Ef 5:22, 23). Assim como Eva saiu da costela de Adão (Gn 2:21), também a Igreja
nasceu do sofrimento e morte de Cristo na cruz. Cristo ama sua Igreja; ele a
purifica, cuida dela e a nutre com sua Palavra. A relação de Cristo com sua Igreja
é o exemplo a ser seguido por todos os maridos.
As características do casamento: Ao retornar à lei original do Éden,
Jesus lembra seus ouvintes das verdadeiras características do casamento. Se
mantivermos vivas na memória essas características, saberemos como construir um
casamento mais feliz e duradouro.
É
uma união instituída
por Deus.
Deus
instituiu o casamento, assim somente ele pode controlar seu caráter e suas
leis. Não há legislação ou tribunal capaz de anular aquilo que Deus instituiu.
É uma união física. O homem e a mulher tornam-se
"uma só carne". Apesar de ser importante que o marido e a esposa
tenham uma só mente e coração, a união fundamental do casamento é
física. Se um homem e uma mulher se tornassem "um só espírito" no casamento,
a morte não poderia dissolver o casamento, pois o espírito nunca morre. Mesmo
se um homem e uma mulher discordam, são "incompatíveis" e não
conseguem entender-se, continuam sendo casados, pois a união é física.
É uma união permanente. A intenção
original de Deus era que um homem e uma mulher passassem a vida juntos. A ideia
de "morar juntos para ver se dá certo" não faz parte da lei original
de Deus, pois ele exige que o marido e a esposa comprometam-se irrestritamente
com a união do casamento.
É uma união entre um homem e uma mulher. Deus não criou
dois homens e duas
mulheres,
ou duas mulheres e um homem, somente dois homens ou somente duas mulheres. Não
importa o que psicólogos e juristas digam, a poligamia, a união entre gays e outras
variações são contrárias à vontade de Deus.
A LEI MOSAICA ACERCA DO DIVÓRCIO
(MT 19:7, 8)
Como tantas pessoas que gostam de
"discutir religião", os fariseus não estavam interessados em
descobrir a verdade, mas apenas em defender a si mesmos e suas convicções. Foi
esse desejo que os levou a perguntar sobre a lei judaica do divórcio registrada
em Deuteronômio 24:1-4.
Algumas versões da Bíblia deixam
claro que Moisés deu
apenas um
mandamento:
a
esposa divorciada não poderia voltar para o primeiro marido, caso fosse
rejeitada pelo segundo
marido. Moisés
não ordenou o
divórcio;
apenas
o permitiu. Ordenou que o marido desse à ex-esposa uma carta de
divórcio;
mas,
caso a esposa se casasse e se Divorciasse novamente, não poderia
voltar ao primeiro marido. Trata-se de uma lei extremamente sábia, pois, para começar,
o marido pensaria duas vezes antes de se livrar apressadamente de sua esposa,
uma vez que não poderia tê-la de volta. Além disso, levaria tempo para achar um
escriba (nem todos podiam redigir documentos legais) e, durante esse período, o
casal separado poderia se reconciliar. Os fariseus estavam interpretando a lei
de Moisés como se fosse um mandamento. Jesus deixa claro que Moisés estava
apenas dando permissão
para
o divórcio.
Mas a que Moisés se referia com as
palavras "ter ele achado coisa indecente nela"? No hebraico, isso quer dizer
"alguma questão de nudez", mas não se refere a pecado sexual. Trata-se
de um equivalente a "algo vergonhoso" (ver Gn 2:25; 3:7, 10). A interpretação dessa
frase foi a causa da divisão que deu origem às escolas do rabino Hillel e do rabino
Shammai, estudiosos judeus conceituados do primeiro século. Hillel seguiu uma
linha bastante liberal e afirmou que o marido poderia divorciar-se da esposa
por quase qualquer razão, enquanto Shammai seguiu uma linha mais rigorosa,
afirmando que Moisés estava falando somente de pecado sexual. Qualquer lado que
Jesus escolhesse tomar partido seria motivo de ofensa para alguém.
Os judeus possuíam várias leis
referentes ao casamento e devemos examiná-las, a fim de ter uma melhor
perspectiva. Se, por exemplo, um homem se casasse e descobrisse que sua esposa
não era virgem, podia tornar público o pecado da mulher e providenciar para que
fosse apedrejada (Dt 22:13-21).
É evidente
que deveria ter provas disso, pois, do contrário, teria de pagar uma multa e não
poderia jamais se divorciar da esposa. Essa lei protegia tanto o homem quanto a
mulher. Se um homem suspeitasse de infidelidade da esposa, deveria seguir os
procedimentos descritos em Números 5:11 ss. Não se pode mais
seguir esses procedimentos (que, sem dúvida, incluíam elementos de julgamento divino),
pois não há mais sacerdócio nem tabernáculo.
É importante lembrar que a lei de
Moisés determinava a pena
de morte para
os que cometessem adultério (Lv 20:10;
Dt 22:22. Os inimigos de Jesus
lançaram mão dessa lei quando tentaram armar urna cilada para ele João 8:1).
Embora não haja registro no Antigo Testamento de que alguém tenha sido apedrejado
por cometer adultério, essa era a lei divina. A experiência de José (Mt 1: 1825) indica que, ao tratarem de esposas
adúlteras, os judeus usavam o divórcio em vez do apedrejamento.
Por que Deus ordenou que a pessoa adúltera
fosse morta por apedrejamento? Por certo, para servir de exemplo e para
advertir as pessoas, pois o adultério corrompe a estrutura da sociedade e da
família. A fim de haver estabilidade na sociedade e na igreja, é preciso haver
compromisso no casamento e fidelidade do marido para com a esposa bem como do
casal para com o Senhor. Era necessário que Deus preservasse Israel, pois o
Salvador prometido descenderia dessa nação. Deus opôs-se ao divórcio em Israel,
pois enfraquecia a nação e representava uma ameaça para o nascimento do Messias
(ver MI 2:10-16). No entanto, havia
outro motivo para a pena capital: deixava o cônjuge fiel livre para se casar novamente.
A morte rompe os laços do casamento, pois o casamento é uma união física (Rm 7:1-3). Era importante que as
famílias tivessem continuidade em Israel, a fim de que pudessem proteger sua
herança (Nm 36). Antes de passar para
a seção seguinte, convém observar um fato importante: o divórcio que Moisés
autoriza em Deuteronômio 24, na verdade, representa um rompimento da relação
matrimonial original. Deus permitia que a mulher se casasse novamente, e esse
segundo casamento não era considerado uma forma de adultério. Seu segundo companheiro
era chamado de "marido", não de adúltero. Isso explica como foi
possível a mulher
samaritana ter tido cinco maridos e, ainda assim, estar vivendo com um homem que
não era seu marido João 4:16-18). Ao que parece, os cinco casamentos anteriores
haviam sido legais e de acordo com as Escrituras.
Isso significa que o
divórcio legal rompe o relacionamento matrimonial. O homem não pode romper esse
relacionamento com suas próprias leis, mas Deus pode. O mesmo Deus que dá
as leis para unir as pessoas também pode dar leis para separá-las. Trata-se de
algo que só pode ser feito por Deus, nunca pelos homens. Por fim, Jesus deixa
claro que a lei mosaica do divórcio era uma concessão da parte de Deus. A lei
original de Deus quanto ao casamento não deixava espaço para o divórcio, mas
essa lei começou a vigorar antes de o homem pecar. Em lugar de ter duas pessoas
vivendo juntas em conflito constante, com um dos cônjuges ou ambos procurando
satisfação fora do casamento, Deus preferiu permitir o divórcio. Esse divórcio incluía o direito de se casar
novamente. Os fariseus não perguntaram sobre a possibilidade de casar novamente,
pois esse não era o problema. Aceitavam o fato de que as duas partes
divorciadas procurariam outros cônjuges e de que isso era permitido por Moisés.
A LEI DO SENHOR ACERCA DO CASAMENTO (MT 19:9-12)
Com as palavras: "Eu, porém, vos
digo" (verso 9), Jesus está afirmando ser Deus, pois somente Deus pode
instituir ou alterar as leis do casamento. Declara que o casamento é uma união
permanente que só pode ser rompida por causa de pecado sexual.
o casamento é uma união física
permanente que só pode ser rompida por uma causa física: morte ou pecado sexual
(a meu ver, o homossexualismo e a bestialidade também se aplicam). Os seres
humanos não podem romper a união, mas Deus pode. Sob a lei do Antigo
Testamento, o pecador era apedrejado até a morte. Mas a igreja de hoje não
empunha a espada (Rm 13:1-4). Acaso o adultério e a impureza sexual eram mais sérios
sob a lei do que o são hoje? Claro que não! Hoje, tais pecados são ainda
piores, quando consideramos a revelação completa da graça e santidade de Deus
que temos agora em Jesus Cristo. Ao que parece, podemos concluir que o divórcio
no Novo Testamento é o equivalente à
morte no
Antigo Testamento: libera o cônjuge inocente para se casar novamente.
Assim, Jesus ensina que há somente uma
base legal para o divórcio: as relações sexuais ilícitas. Se duas pessoas se
divorciarem sob qualquer outro pretexto e se casarem com outra pessoa, estarão
cometendo adultério. Jesus não ensinou que o cônjuge ofendido deve se divorciar. Sem
dúvida, há espaço para o perdão, para a cura e para a restauração do relacionamento
rompido. Essa deve ser a abordagem cristã da questão. Infelizmente, porém, por
causa da dureza do coração humano, há ocasiões em que se torna impossível curar
as feridas e salvar o casamento. O divórcio é o último recurso, não a primeira opção.
Casamentos felizes não são acidentes, mas
sim resultado de compromisso, amor, compreensão mútua, sacrifício e trabalho duro.
Se um marido e uma esposa estão cumprindo os votos de seu casamento, desfrutarão
de um relacionamento cada vez mais profundo que os satisfará e os manterão fiéis
um ao outro.
Fonte : W, Wiersbe (Editado por Hamiltom Freire)
Boa tarde, um artigo bem mais completo o qual levo em consideração, é este de J Piper
ResponderExcluirhttp://www.monergismo.com/textos/familia_casamento/divorcio_novo_casamento_piper.htm