quinta-feira, 22 de maio de 2014

ACERCA DO DIVÓRCIO


Este assunto é uma questão igualmente importante e controversa nos dias de hoje.
O número de divórcios continua a crescer no Brasil, como em todo mundo. E infelizmente, no meio do povo de Deus, o divórcio infiltrou-se até nos lares de líderes cristãos. Alguém comentou que os casais "se casam para o que der e vier, mas nunca para sempre". Então, com este breve artigo, vamos examinar o que Jesus ensina sobre esse assunto.  A passagem base é Mateus 19:1-9 que diz:

E aconteceu que, concluindo Jesus estes discursos, saiu da Galiléia, e dirigiu- se aos confins da Judéia, além do Jordão; E seguiram-no grandes multidões, e curou-as ali. Então chegaram ao pé dele os fariseus, tentando-o, e dizendo-lhe: É lícito ao homem repudiar sua mulher por qualquer motivo? Ele, porém, respondendo, disse-lhes: Não tendes lido que aquele que os fez no princípio macho e fêmea os fez, E disse: Portanto, deixará o homem pai e mãe, e se unirá a sua mulher, e serão dois numa só carne? Assim não são mais dois, mas uma só carne. Portanto, o que Deus ajuntou não o separe o homem. Disseram-lhe eles: Então, por que mandou Moisés dar-lhe carta de divórcio, e repudiá-la? Disse-lhes ele: Moisés, por causa da dureza dos vossos corações, vos permitiu repudiar vossas mulheres; mas ao princípio não foi assim. Eu vos digo, porém, que qualquer que repudiar sua mulher, não sendo por causa de fornicação, e casar com outra, comete adultério; e o que casar com a repudiada também comete adultério.Mateus 19:1-9


Os líderes religiosos já haviam tentado, sem sucesso, pegar Jesus com suas armadilhas, usando perguntas sobre o sábado e sobre sinais. E dessa vez com o tema extremamente polêmico do divórcio. Sendo interrogado pelos fariseus, em vez de voltar a Deuteronômio, Jesus voltou a Gênesis. Aquilo que Deus fez quando instituiu o primeiro casamento. 

A LEI ORIGINAL DA CRIAÇÃO
(MT 19:3-6)

Os motivos para o casamento: A única coisa que não foi considerada "boa" na criação Foi o fato de o homem estar sozinho (Gn 2:18). A mulher foi criada para suprir essa necessidade. Adão não poderia ter comunhão com os animais. Precisava de uma companheira que fosse sua igual e com a qual pudesse experimentar a plenitude.
O casamento permite a perpetuação da raça humana. "Sede fecundos, multiplicai-vos" (Gn 1:28) foi o mandamento de Deus ao primeiro casal. Desde o começo, Deus ordenou que o sexo fosse praticado dentro da relação comprometida do casamento. Fora do casamento, o sexo torna-se uma força destrutiva, mas dentro do compromisso amoroso do matrimônio, pode ser criativo e construtivo. O casamento é uma das formas de evitar pecados sexuais (1 Cor 7:1-6). É evidente que um homem não deve se casar apenas para legalizar sua concupiscência! Aquele que se entrega aos desejos lascivos antes do casamento, certamente, continuará a fazer o mesmo depois. Esse tipo de pessoa não deve ter a ilusão de que o casamento resolverá todos os seus problemas pessoais com a lascívia. No entanto, o casamento é a forma que Deus criou para o homem e a mulher desfrutarem, em conjunto, os prazeres físicos do sexo. Paulo usa o casamento como ilustração da relação íntima entre Cristo e a Igreja (Ef 5:22, 23). Assim como Eva saiu da costela de Adão (Gn 2:21), também a Igreja nasceu do sofrimento e morte de Cristo na cruz. Cristo ama sua Igreja; ele a purifica, cuida dela e a nutre com sua Palavra. A relação de Cristo com sua Igreja é o exemplo a ser seguido por todos os maridos.

As características do casamento: Ao retornar à lei original do Éden, Jesus lembra seus ouvintes das verdadeiras características do casamento. Se mantivermos vivas na memória essas características, saberemos como construir um casamento mais feliz e duradouro.

É uma união instituída por Deus. Deus instituiu o casamento, assim somente ele pode controlar seu caráter e suas leis. Não há legislação ou tribunal capaz de anular aquilo que Deus instituiu.

É uma união física. O homem e a mulher tornam-se "uma só carne". Apesar de ser importante que o marido e a esposa tenham uma só mente e coração, a união fundamental do casamento é física. Se um homem e uma mulher se tornassem "um só espírito" no casamento, a morte não poderia dissolver o casamento, pois o espírito nunca morre. Mesmo se um homem e uma mulher discordam, são "incompatíveis" e não conseguem entender-se, continuam sendo casados, pois a união é física.

É uma união permanente. A intenção original de Deus era que um homem e uma mulher passassem a vida juntos. A ideia de "morar juntos para ver se dá certo" não faz parte da lei original de Deus, pois ele exige que o marido e a esposa comprometam-se irrestritamente com a união do casamento.

É uma união entre um homem e uma mulher. Deus não criou dois homens e duas mulheres, ou duas mulheres e um homem, somente dois homens ou somente duas mulheres. Não importa o que psicólogos e juristas digam, a poligamia, a união entre gays e outras variações são contrárias à vontade de Deus.

A LEI  MOSAICA ACERCA DO DIVÓRCIO
(MT 19:7, 8)

Como tantas pessoas que gostam de "discutir religião", os fariseus não estavam interessados em descobrir a verdade, mas apenas em defender a si mesmos e suas convicções. Foi esse desejo que os levou a perguntar sobre a lei judaica do divórcio registrada em Deuteronômio 24:1-4.
Algumas versões da Bíblia deixam claro que Moisés deu apenas um mandamento: a esposa divorciada não poderia voltar para o primeiro marido, caso fosse rejeitada pelo segundo marido. Moisés não ordenou o divórcio; apenas o permitiu. Ordenou que o marido desse à ex-esposa uma carta de divórcio; mas, caso a esposa se casasse e se Divorciasse novamente, não poderia voltar ao primeiro marido. Trata-se de uma lei extremamente sábia, pois, para começar, o marido pensaria duas vezes antes de se livrar apressadamente de sua esposa, uma vez que não poderia tê-la de volta. Além disso, levaria tempo para achar um escriba (nem todos podiam redigir documentos legais) e, durante esse período, o casal separado poderia se reconciliar. Os fariseus estavam interpretando a lei de Moisés como se fosse um mandamento. Jesus deixa claro que Moisés estava apenas dando permissão para o divórcio.

Mas a que Moisés se referia com as palavras "ter ele achado coisa indecente nela"? No hebraico, isso quer dizer "alguma questão de nudez", mas não se refere a pecado sexual. Trata-se de um equivalente a "algo vergonhoso" (ver Gn 2:25; 3:7, 10). A interpretação dessa frase foi a causa da divisão que deu origem às escolas do rabino Hillel e do rabino Shammai, estudiosos judeus conceituados do primeiro século. Hillel seguiu uma linha bastante liberal e afirmou que o marido poderia divorciar-se da esposa por quase qualquer razão, enquanto Shammai seguiu uma linha mais rigorosa, afirmando que Moisés estava falando somente de pecado sexual. Qualquer lado que Jesus escolhesse tomar partido seria motivo de ofensa para alguém.

Os judeus possuíam várias leis referentes ao casamento e devemos examiná-las, a fim de ter uma melhor perspectiva. Se, por exemplo, um homem se casasse e descobrisse que sua esposa não era virgem, podia tornar público o pecado da mulher e providenciar para que fosse apedrejada (Dt 22:13-21). É evidente que deveria ter provas disso, pois, do contrário, teria de pagar uma multa e não poderia jamais se divorciar da esposa. Essa lei protegia tanto o homem quanto a mulher. Se um homem suspeitasse de infidelidade da esposa, deveria seguir os procedimentos  descritos em Números 5:11 ss. Não se pode mais seguir esses procedimentos (que, sem dúvida, incluíam elementos de julgamento divino), pois não há mais sacerdócio nem tabernáculo. 

É importante lembrar que a lei de Moisés determinava a pena de morte para os que cometessem adultério (Lv 20:10; Dt 22:22. Os inimigos de Jesus lançaram mão dessa lei quando tentaram armar urna cilada para ele João 8:1). Embora não haja registro no Antigo Testamento de que alguém tenha sido apedrejado por cometer adultério, essa era a lei divina. A experiência de José (Mt 1: 1825) indica que, ao tratarem de esposas adúlteras, os judeus usavam o divórcio em vez do apedrejamento.

Por que Deus ordenou que a pessoa adúltera fosse morta por apedrejamento? Por certo, para servir de exemplo e para advertir as pessoas, pois o adultério corrompe a estrutura da sociedade e da família. A fim de haver estabilidade na sociedade e na igreja, é preciso haver compromisso no casamento e fidelidade do marido para com a esposa bem como do casal para com o Senhor. Era necessário que Deus preservasse Israel, pois o Salvador prometido descenderia dessa nação. Deus opôs-se ao divórcio em Israel, pois enfraquecia a nação e representava uma ameaça para o nascimento do Messias (ver MI 2:10-16). No entanto, havia outro motivo para a pena capital: deixava o cônjuge fiel livre para se casar novamente. A morte rompe os laços do casamento, pois o casamento é uma união física (Rm 7:1-3). Era importante que as famílias tivessem continuidade em Israel, a fim de que pudessem proteger sua herança (Nm 36). Antes de passar para a seção seguinte, convém observar um fato importante: o divórcio que Moisés autoriza em Deuteronômio 24, na verdade, representa um rompimento da relação matrimonial original. Deus permitia que a mulher se casasse novamente, e esse segundo casamento não era considerado uma forma de adultério. Seu segundo companheiro era chamado de "marido", não de adúltero. Isso explica como foi possível a mulher samaritana ter tido cinco maridos e, ainda assim, estar vivendo com um homem que não era seu marido João 4:16-18). Ao que parece, os cinco casamentos anteriores haviam sido legais e de acordo com as Escrituras.

Isso significa que o divórcio legal rompe o relacionamento matrimonial. O homem não pode romper esse relacionamento com suas próprias leis, mas Deus pode. O mesmo Deus que dá as leis para unir as pessoas também pode dar leis para separá-las. Trata-se de algo que só pode ser feito por Deus, nunca pelos homens. Por fim, Jesus deixa claro que a lei mosaica do divórcio era uma concessão da parte de Deus. A lei original de Deus quanto ao casamento não deixava espaço para o divórcio, mas essa lei começou a vigorar antes de o homem pecar. Em lugar de ter duas pessoas vivendo juntas em conflito constante, com um dos cônjuges ou ambos procurando satisfação fora do casamento, Deus preferiu permitir o divórcio. Esse divórcio incluía o direito de se casar novamente. Os fariseus não perguntaram sobre a possibilidade de casar novamente, pois esse não era o problema. Aceitavam o fato de que as duas partes divorciadas procurariam outros cônjuges e de que isso era permitido por Moisés.

A LEI DO SENHOR ACERCA DO CASAMENTO (MT 19:9-12)

Com as palavras: "Eu, porém, vos digo" (verso 9), Jesus está afirmando ser Deus, pois somente Deus pode instituir ou alterar as leis do casamento. Declara que o casamento é uma união permanente que só pode ser rompida por causa de pecado sexual.

o casamento é uma união física permanente que só pode ser rompida por uma causa física: morte ou pecado sexual (a meu ver, o homossexualismo e a bestialidade também se aplicam). Os seres humanos não podem romper a união, mas Deus pode. Sob a lei do Antigo Testamento, o pecador era apedrejado até a morte. Mas a igreja de hoje não empunha a espada (Rm 13:1-4). Acaso o adultério e a impureza sexual eram mais sérios sob a lei do que o são hoje? Claro que não! Hoje, tais pecados são ainda piores, quando consideramos a revelação completa da graça e santidade de Deus que temos agora em Jesus Cristo. Ao que parece, podemos concluir que o divórcio no Novo Testamento é o equivalente à morte no Antigo Testamento: libera o cônjuge inocente para se casar novamente.
Assim, Jesus ensina que há somente uma base legal para o divórcio: as relações sexuais ilícitas. Se duas pessoas se divorciarem sob qualquer outro pretexto e se casarem com outra pessoa, estarão cometendo adultério. Jesus não ensinou que o cônjuge ofendido deve se divorciar. Sem dúvida, há espaço para o perdão, para a cura e para a restauração do relacionamento rompido. Essa deve ser a abordagem cristã da questão. Infelizmente, porém, por causa da dureza do coração humano, há ocasiões em que se torna impossível curar as feridas e salvar o casamento. O divórcio é o último recurso, não a primeira opção.

Casamentos felizes não são acidentes, mas sim resultado de compromisso, amor, compreensão mútua, sacrifício e trabalho duro. Se um marido e uma esposa estão cumprindo os votos de seu casamento, desfrutarão de um relacionamento cada vez mais profundo que os satisfará e os manterão fiéis um ao outro.

Fonte : W, Wiersbe (Editado por Hamiltom Freire)

Um comentário:

  1. Boa tarde, um artigo bem mais completo o qual levo em consideração, é este de J Piper
    http://www.monergismo.com/textos/familia_casamento/divorcio_novo_casamento_piper.htm

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