Peço desculpas desde já pois este post é um pouco longo. Mas, pela seriedade do assunto, preciso abordar o tema com muito cuidado, tato, detalhamento e respeito às Escrituras. Pois muito do que será dito aqui pode entristecer pessoas e é fundamental que fique claro que estou baseando absolutamente tudo o que digo na Bíblia. Ou seja, se algo te entristecer, que não seja por achismos meus nem por uma má hermenêutica, mas pela compreensão de que a soberana e absoluta vontade de Deus corre muitas e muitas vezes o risco de contrariar o que seria mais cômodo para a minha e a sua vida. Respiremos fundo e vamos lá – tendo em mente o tempo inteiro as palavras do Cristo: “Então Jesus disse aos seus discípulos: ‘Se alguém quiser acompanhar-me, negue-se a si mesmo, tome a sua cruz e siga-me. Pois quem quiser salvar a sua vida a perderá, mas quem perder a sua vida por minha causa, a encontrará’.”
Recentemente escrevi o post As razões de casamento e divórcio entre cristãos, com base numa enquete que mostrou que 19% dos cristãos que votaram não acham que o amor deve ser a causa principal de um matrimônio. Se você não o leu acesse o post e entenderá biblicamente por que o amor bíblico (de João 3.16) é a única razão que deve levar homem e mulher a firmar um compromisso de união pelo resto de suas vidas. E, meu irmão, minha irmã, esse post fez chover testemunhos, inclusive um de uma pessoa próxima a mim, que amo e que não sabia que vivia esse problema. Assim, chorei.
Recentemente, uma irmã entrou no espaço dos comentários e me pediu meu e-mail. Conversamos. E ela confessou que vivia tão infeliz no casamento que estava pensando seriamente em suicídio. Mãe, esposa, cristã e… suicida. Meu Deus… Tudo porque casou-se errado e hoje não suporta a mentira em que vive. Esse contato e o de tantas outras irmãs (geralmente quem escreve são mulheres, os homens simplesmente dão seu jeito e vão em frente) me fizeram voltar a refletir sobre o assunto e a escrever sobre ele. Pois praticamente todas(os) os que me escrevem terminam da mesma forma: “Estou miseravelmente infeliz. E o que faço agora?”
Outra irmã desabafou: “Eu tive três filhos com ele ao longo de 15 anos de casamento. Olho para eles e, em vez de sorrir, eu choro, pois cada um deles tornou-se um memorial da minha infelicidade. Hoje em dia só de pensar em me deitar com meu marido me dá asco”, confessou-me com uma franqueza que me impactou e me entristeceu profundamente. Em vez de ter em seus filhos a lembrança de uma história de amor vê neles marcos de infelicidade e arrependimento. “Se fosse possível eu os empurraria de volta ao meu útero, só para não lembrar da minha tristeza que não passa e eu tenho que fingir para todos que não existe. Vivo um eterno teatro”, foi além essa mãe em seu desabafo. Detalhe: todas são palavras de uma cristã.
E foi então que ela disparou a pergunta que eu não queria responder, e que todos os que estão vivendo essa situação fazem: “O que fazer agora??”. Ai. Vamos lá.
O que eu gostaria de responder? O que o mundo responderia: divorcie-se, vá buscar a sua felicidade. Mas não posso responder isso. Estou atado à Palavra revelada do Criador do universo. E tenho de responder conforme Ele nos ensina:
1. Deus odeia o divórcio. Isso está claro em Malaquias 2.16. Então o divórcio não é uma opção. Isso se confirma em Mateus 19: “Vieram a ele [Jesus] alguns fariseus e o experimentavam, perguntando: É lícito ao marido repudiar a sua mulher por qualquer motivo? [Observe que aqui eles perguntam QUALQUER MOTIVO]. Então, respondeu ele: Não tendes lido que o Criador, desde o princípio, os fez homem e mulher e que disse: Por esta causa deixará o homem pai e mãe e se unirá a sua mulher, tornando-se os dois uma só carne? De modo que já não são mais dois, porém uma só carne. Portanto, o que Deus ajuntou não o separe o homem. Replicaram-lhe: Por que mandou, então, Moisés dar carta de divórcio e repudiar? Respondeu-lhes Jesus: Por causa da dureza do vosso coração é que Moisés vos permitiu repudiar vossa mulher; entretanto, não foi assim desde o princípio”.
Ou seja, Deus odeia o divórcio e, no principio, no estado perfeito das coisas, Deus não permitira o que o homem Moisés permitiu. Separação de um matrimônio é, portanto, algo antinatural aos olhos do Criador.
2. Um dos assuntos sobre os quais Jesus fala com mais clareza na Bíblia é sobre o divórcio. Simplesmente porque essa questão lhe foi perguntada diretamente. E a resposta dele é absolutamente clara, como consta em Mateus 19.9 em diante “Eu, porém, vos digo: quem repudiar sua mulher, não sendo por causa de relações sexuais ilícitas, e casar com outra comete adultério e o que casar com a repudiada comete adultério”. Ou seja, embora Deus odeie o divórcio, Jesus abre uma única exceção – e não me pergunte por quê, eu não sei: relações sexuais ilícitas, ou, no original grego, “porneia”. Isso incluiria adultério, prostituição, sexo com animais ou qualquer outro tipo de desvio sexual. É a única exceção que encontramos no Novo Testamento.
É bíblica a separação de corpos e o celibato?
Creio que está claro que o divórcio não é uma opção. Outra teoria alega que, se há infelicidade no casamento, o casal poderia separar-se mas manter-se solitário, sem novos relacionamentos e preservar-se celibatário. A esse respeito, no Sermão do Monte, em Mateus 5.31, o Mestre reafirma a posição celestial: “Também foi dito: Aquele que repudiar sua mulher, dê-lhe carta de divórcio. Eu, porém, vos digo: qualquer que repudiar sua mulher, exceto em caso de relações sexuais ilícitas, a expõe a tornar-se adúltera; e aquele que casar com a repudiada comete adultério”. Repare com muita atenção o que Ele diz: se alguém repudia o cônjuge exceto pela “porneia” o expõe a se tornar adúltero. Então é nítido que essa separação proposta de corpos é uma porta de entrada ao adultério e aquele que optou pelo afastamento expõe o outro a adulterar. Logo, a teoria antibíblica de um casal rompendo o padrão original moldado por Deus no início e vivendo afastado tentando o celibato também é repudiada por aquele que, segundo João 1, participou da criação de todas as coisas.
Desobediência.
Ou seja: se o cônjuge desobedece a ordem de Deus e persiste no seu intento de separar-se, vejamos o que é dito: “que não se case ou que se reconcilie com seu marido”. O que se entende disso? Que se a pessoa desobedeceu o Criador e fez o que Ele proibiu, que, no mínimo, para minimizar o estrago, não se case. Ou que faça o que Deus deseja: se reconcilie com o cônjuge. Tanto que Paulo orienta o repudiado a não se afastar de quem se afastou dele. E por que ele diria isso? Para que haja a reconciliação. Veja que essa passagem, usadíssima para justificar a separação de corpos e de vidas entre casais infelizes, mostra que Deus ordena (pense no peso dessa palavra) que não haja separação, mostra que os desobedientes não devem se casar e que o correto é a reconciliação, a ponto de dizer ao repudiado, parafraseando: “Se você foi abandonado, não parta para outra, permaneça perto de quem te abandonou, com vistas à reconciliação.
Resumo da ópera: se alguém peca (desobedece a ordem de Deus) e se afasta do cônjuge, mesmo “que não se case”, isso não deixa de constituir pecado. E a solução para esse pecado é voltar para casa. Divórcio, logo, Deus odeia e é pecado.
3. Jesus manda perdoar 70 vezes 7, ou seja, mesmo que haja relações sexuais ilícitas, o perdão do cônjuge e a tentativa de reconciliação devem ser sempre a primeira alternativa.
E aí? O que fazer?
Ou seja: em momento nenhum da Bíblia a “falta de amor” ou a “infelicidade” dão base para uma separação. Duro. Mas verdadeiro. E aí retornamos à pergunta da irmã: “O que fazer agora??”. E é aqui que eu gostaria de sair correndo, de me esconder. Pois as respostas são difíceis de se ouvir. Mas lá vou eu encarar a Bíblia, correndo o risco de ser chamado de legalista, fariseu, biblicista ou de não ter graça no coração – como já me acusaram algumas vezes porque eu digo o que a Bíblia diz e não o que as pessoas querem ouvir.
Fato é que se a pessoa vive um casamento infeliz, o que ela deve fazer é pedir de Deus um milagre. Pela Bíblia, não há outra resposta.
Não vejo absolutamente nenhuma base bíblica que mostre que Deus constrói amor onde ele não existe. Se houver, por favor me mostrem, pois revirei as Escrituras ao avesso, li sobre o assunto de diversas fontes e não encontrei. Nem que fosse um único versículo que diga que por fazer uma corrente de sete semanas você passará a amar subitamente o marido que não ama. Isso simplesmente não está na Bíblia. E, por favor, não cometa erros hermenêuticos como “tudo posso naquele que me fortalece”. Não tire textos do contexto para tentar justificar o injustificável. Por isso falei em milagre.
Essa, minha irmã, meu irmão, é a realidade. Deus nos permite escolher com quem casar. A escolha é SUA. Se escolher pelos motivos errados, biblicamente terá de colher o que plantou: falta de amor. Triste sim. Mas não posso mentir a você para deixá-la mais sorridente. Perceba: se você, por decisão própria, um dia decepar uma de suas pernas, não espere que Deus vai fazer brotar outra nova no lugar. Ele poderia fazer esse milagre? Poderia fazer surgir uma perna nova? Claro! Ele pode tudo! A pergunta é: quantas vezes você já viu ou ouviu falar que o Senhor fez isso? Eu não conheço nem nunca soube de nenhum caso concreto. Assim, com que frequência Deus faria o milagre de fazer brotar amor onde ele nunca houve? Pode acontecer? Sim. É provável? Aí já é discutível.
Preparado para ouvir a realidade? O que é bíblico? Então vamos lá: se você decepar sua perna, as chances são que você tenha de viver o resto da vida sem ela, suportando a situação, dependente de uma muleta ou de uma cadeira de rodas. É triste, é difícil, eu não gostaria de te dizer isso. De igual modo, se você casou sem amor, as chances são que você tenha de viver o resto da vida num casamento sem amor, suportando a situação, dependente da força de Deus e do fruto do Espírito. É triste, é difícil, eu não gostaria de te dizer isso.
Mas é a verdade.
Oro a Deus por cada irmão e irmã que vive um casamento infeliz. Oro com toda a minha alma, com dor no coração e cheio de solidariedade e carinho. E peço para esses um milagre. Peço consolo. Peço restauração e uma vida de abundância em Cristo. Peço graça. Que suas famílias sejam abençoadas. Também deixo um alerta aos solteiros: NÃO SE CASEM SEM AMOR. Não se casem sem o amor sacrificial de João 3.16. Para que não venham a sofrer no futuro. Aos que já sofrem, oro ao Deus do impossível que sare suas feridas. Que os faça felizes apesar dessa dificuldade. E que lhes traga a paz que excede todo o entendimento.
Paz. Como precisamos dela. Por isso desejo paz também a todos vocês que estão em Cristo,
Maurício Zágari
Maurício Zágari
Blog: Apenas1
http://apenas1.wordpress.com/2012/04/08/casei-errado-e-agora/
Irmão, boa tarde! Se possível, o Senhor pode me passar seu e-mail, pois gostaria de relatar o que venho passando e não tenho com quem conversar, não gosto de expor minha vida, mas sei que és um homem de Deus...
ResponderExcluirESQUECEU DE CITAR O LIVRO DE ESDRAS CAPITULO 10
ResponderExcluirÉ meu amigo, vivendo bem, essa questão, e quantos cristãos assim o estão. Por mais que não esteja na Bíblia é difícil na pequenez do Ser Humano não pedir tanto a Deus esse milagre, para assim não desagrada-lo.
ResponderExcluirPor aqui também muitos problemas e sem amor. Viver em paz, harmonia, respeito, companheirismo é tudo que eu quero, mas ele não quer.
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